quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A vida e os açúcares da literatura



*Helder Miranda

Foi na época em que éramos muito, enquanto dois, e isso me bastava. Quando pensei que ser um bom leitor me qualificava para ler as pessoas e que, enquanto jovem, detinha o dom da imortalidade. Permaneci, talvez lendo menos do que eu imaginava que leria, e ainda assim mais do que muita gente.

Mas bastou minha quase-morte para perceber que, redondamente, eu estava enganado a respeito de muitas coisas sobre a vida, como o fato de colocar um filho no mundo – ou não. Em dias impregnados de “dia-a-dia”, não há muito a oferecer, ou esperar da realidade. E, talvez, quando falta algo além do açúçar, precisamos, de alguma maneira, recuperar a glicose da alma. Livrosdesempenham bem esse papel e podem ser inspiradores.

Há quase uma década, mais precisamente em novembro, começa uma movimentação em torno do lançamento de uma escritora em especial. “Marian Keyes está de volta”, alardeiam as comunidades da internet, com algumas especulações que, para quem acompanha há quase uma década o trabalho desta autora, já são bem previsíveis. “Será mais um livro sobre as irmãs Walsh?”, pergunta alguma janela piscante no mundo virtual.

Pouco me importa sobre o que ela vai escrever, mas o hábito de lê-la, entre o final de um ano e início de outro, me fez entender o porque de alguns livros serem inspiradores para a vida. Ela é bem mais do que a capa bonita, e brilhosa, que me atraiu desde Melancia. Em entrevista para a jornalista Mary Ellen Farias, no site Resenhando.com, a própria autora comentou sobre as personagens que escreve:  ...acho que elas são heroínas porque passam por momentos difíceis, e sobrevivem e emergem, fortes e sábias”.

Traçar um perfil do leitor de Marian diante desse panorama pode ser considerado fácil. Mulheres que rompem relacionamentos e sofrem com isso, que não recebem a ligação do namorado e voltam para casa com um nó na garganta, ou até homens, os mais sentimentais.

Em seu último lançamento, Cheio de Charme (Bertrand Brasil), esse tipo, no entanto, passa longe. Ela conta a história de quatro mulheres apaixonadas por um político extremamente sedutor e, ao mesmo tempo, com péssimo caráter. Sofrem, se descabelam, metem os pés pelas mãos, mas sempre dão a volta por cima. Este é considerado pela crítica do exterior como o melhor livro da autora, e coloca o dedo na ferida de temas mais densos, como violência doméstica. A exemplo dos outros romances, há a expectativa de que elas dêem a volta por cima. No início do ano, talvez uma dose extra para enfrentarmos o que nos espera em nossas próximas páginas.

*Editor do site cultural www.resenhando.com. É jornalista, escritor e roteirista. Twitter: @heldermm

4 comentários:

Anônimo disse...

molto intiresno, grazie

Helena Beleza disse...

Você é demais!!!

Helena Beleza disse...

Você escreve muitíssimo bem! Parabéns!

Anônimo disse...

Mucho bonito!