cartA A uM joveM republicanO

Tá me vendo ao longe?

Se me perguntarem o que faço da vida, responderei: escrevo cartas.
Sei que você pode não perceber o quanto as consequências de uma decisão pode prejudicar a si próprio, mas agora que aceitei a influência do efeito urano em minha vida, sei que pode, ao menos, tentar me compreender. Sabe-se que esse milimétrico erro numerológico pode causar a destruição de minha vida, da sua ou das demais pessoas que estiverem relacionadas a nós mesmos.

Porém, pela primeira vez, senti-me preparado para tomar a primeira grande decisão de minha vida. Não a mais precipitada porque calculei desde que me senti preparado para dizer a verdade, as consequências são pequenas diante deste ato de amor, a mim mesmo e a você, que tampouco me conhece na infinidade desse grande país.

Apenas posso dizer que lamento, pela sua pouca compreensão, mas agora vou contar a você a história de nossas vidas. Ou simplesmente aquela que nunca deixou de existir, mas que mesmo assim sempre influenciou em nossa história. Passamos por diversos tipos de governo. Sarney, o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, a posse de Itamar Franco, a eleição e a reeleição de Fernando Henrique Cardoso, os casos de corrupção que envolvem o governo Lula. Cruzado, Cruzeiro, Real. O que posso dizer é que sinto vergonha. A liberdade que a imprensa não estava acostumada, o fim da censura assumida.

O que posso dizer é que sinto vergonha. De minha condição social e da sua. Da fome que grita em meu estômago enquanto desperdiçam comida. De sua mansão e do cortiço em que vivo. De minha repugnância em relação a tudo isso, enquanto políticos desonestos e pessoas corruptíveis assinam cheques com ajuda de mãos sujas de indiferença.

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Republicano, taí?