sexta-feira, 28 de agosto de 2009

vermelhO

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Se você não se controlar, vai ter uma Síndrome do Pânico”, eu disse à uma colega, que descrevia a mim algumas palpitações recorrentes. O fato é que minha maneira de ver a vida mudou, desde a minha quase-morte. Outras mortes, se você parar para pensar, sempre acontecem durante todo o tempo: decepções, amizades rachadas, corações partidos, mas são rupturas possíveis de serem reparadas. Não falo dessas.  

Explico: era um domingo absolutamente normal em um final de tarde. Eu me levantava da mesa de uma lanchonete, dentro do shopping, quando de repente comecei a espirrar muito forte. Tanto que, a cada espirro, minha mandíbula abria e fechava, sem que eu a controlasse. Minha mulher, no entanto só se assustou quando o sangue começou a jorrar pelo meu nariz. “Eu nunca tive isso”, pensei. Eram os primeiros sinais.

Alguns minutos depos, já na rua, senti um gosto estranho. Na boca. “Cospe”, ela disse. Foi o que fiz e, ao invés de saliva, saía um vermelho sangria. Era triste, desesperador até, ver que o sangue não parava e não era nada que eu pudesse controlar. Houve, nesse momento, o mesmo filme em que eu já havia visto uma vez, enquanto o helicóptero em que eu estava se aproximava do chão. A visão de meu pai, mãe, amigos e inimigos e a frase que insistia em minha cabeça: “de repente eu morro, e nem fica sabendo”. Triste, triste. Tsc, tsc.

Dormi tranquilo, esperando que aquilo acabasse logo. Sempre me refugiei no sono, algumas vezes acordava pior. Como aconteceu dia seguinte. Acordei, ainda cospindo sangue. Pouco, em relação ao dia anterior, mas ainda assim, vida saindo a cada cuspe, na pia branca de minha casa. O médico me revelou a segunda chance: “Sua sorte foi ter saído pela boca”. Ele disse.

Já no banco de ônibus, digeria as palavras do médico. Um pico de pressão. Ou eu teria enfartado, ou apresentado um ataque de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Em ambos os casos, seria fatal - aos 26, simples assim. Chorei, chorei, sozinho no escritório e concluí: algumas coisas não valem a pena.

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Comecei o blog com esse tema, porque quando descobri ser hipertenso, há algum tempo, não levei a sério. A mesma sorte não tiveram outros queridos, como http://esporte.ig.com.br/futebol/2009/08/08/morte+de+capitao+faz+espanyol+cancelar+restante+da+pre+temporada+7765908.html e http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/0,,MUL1289211-9825,00.html. Na certa, não sabiam que eram hipertensos e não se cuidavam. Aqui, pretendo publicar, toda sexta, algum texto meu. Seja opinião, conto, crônica, diário - tudo não necessariamente real ou ficção. Mas tudo meu. É isso! Cuide-se, você também!


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2+7 = 9 / ou seja: Este número está associado ao altruísmo, a fraternidade e espiritualidade. Aparenta ter gênio forte, mas na verdade é muito compreensivo e generoso. Otimista, carismático e cheio de vitalidade. Sincero, elogia tudo que é bem feito, mas também não esconde o que sente quanto à incompetência, desleixo ou preguiça. Excelente amante, e se torna muito dócil quando apaixonado. Não sei a procedência disso, foi retirado de um site, mas...Uhu!

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Essa aí não é boa bisca”, escutou Amélia da boca de uma senhora ao sair da prisão. Famosa e arruinada, constatou sobre si mesma. “Dane-se o mundo, quero dançar!”, respondeu em tom de voz desafiador, mas não havia mais mulher nenhuma por perto. Apenas alguns fotógrafos e poucos curiosos.

O fato é que nem ela poderia explicar o que houve nos acontecimentos que antecederam seu casamento. Fogo. Talvez essa fosse a única palavra que poderia sintetizar o que sentia, sem poder contar a ninguém, doce, meiga e católica que era. “Água apaga”, diriam uns. “Manda benzer”, outros.

Nos sonhos, depois de copular com um cavalo preto de crinas amarelas que usava preservativo, era a sétima vez que abandonava no altar, apaixonada pelo bicho. Porém, no oitavo pesadelo, ela era a abandonada. Interpretou como um sinal e achou melhor não arriscar. A princípio, não aceitava os desejos que invadiam seu corpo e mente. Detestava constatar que era desejo a umidez que saía de sua genitália e pior era a certeza de que era tão fraca a ponto de se render ao primeiro que aparecesse.

Prometeu e não cumpriu parar de se apaixonar por um rosto diferente a cada dia. Não adiantava ajoelhar no milho, nem se autoflagelar. Queria homens, muitos, e quando se olhou no espelho, de noiva, com aquele vestido recém-tingido de dourado, soube exatamente do que era capaz. Estava disposta a pecar e sempre seria assim, não importava com quem estivesse.

Como se casar com alguém que não admitiria chamá-la de messalina, rameira, prostituta, meretriz, vulgívaga, mundana, decaída, frincha, michê, madama, puta? Era e queria isso. E ficava enojada com a idéia de se casar com alguém que perdoaria suas traições sem ao menos meter a mão em sua cara, e diariamente iria ajoelhar aos seus pés implorando que ficasse, independentemente de suas infidelidades.

De noiva, compreendeu que sua essência era a de mulher perdida, vulgar, e não seria capaz de abandonar a liberdade por imposição de ninguém. Muito menos do noivo, que a tratava como santa. A caminho do altar, resolveu ligar a televisão. Programas matinais não se diferem, pensou com certa tristeza, mas aquele era diferente. Enquanto o diplomata cortava os morangos para a receita do dia, a apresentadora observava seus dedos grossos e experientes dominar com maestria uma faca. Ela acariciou os seios, sem conseguir disfarçar a atração pelo convidado. Pausa para o intervalo. Amélia levantou o pesado vestido e ficou deitada no sofá, entretida e ansiosa para o programa recomeçar.

Estava tentada a escandalizar. O programa recomeçou com uma cena de sexo. A apresentadora, apenas com um colar e sentada na pia, chamava o diplomata, entre dentes, de cafajeste. Ele colocava morangos em sua boca e a penetrava com força, com a calça arriada. Cansada da cena, Amélia desligou a televisão, foi para o carro e, a caminho da igreja, ligou pelo celular para a melhor amiga.

Combinou com ela pormenores de uma fuga e foi para a igreja consciente de que, em pouco tempo, seria raptada por homens que não conhecia. Soube exatamente o que fazer quando viu a melhor amiga e dois chineses gêmeos com roupas de sumô esperando por ela. O plano era o seguinte: os gêmeos impediriam o casamento, levando-a para dentro do carro e, depois, sabe-se Deus para onde.

Entrou na igreja atrasada e, por esse motivo, ou pelo tingimento do vestido de branco para dourado, todos a recriminavam com o olhar. Sensação espetacular essa de desprezar alguém em público, Amélia fez isso no plural, com todos aqueles que observaram sua entrada. Ali, descobriu que odiava convenções. Para piorar, sentia-se uma palhaça completamente maquiada e quase sem poder andar devido o peso do vestido, estava com a certeza pavorosa de ser observada por muita gente ao mesmo tempo. Quantos a desejariam, pensou, em direção ao altar, onde o noivo a esperava com um sorriso metálico.

O sinal para a interrupção foi dado: a três passos da realização da cerimônia, Amélia fingiu que tropeçou, o que gerou burburinhos de que a noiva estaria embriagada, de repente, começou a estrebuchar. Sinal verde para os gêmeos, que demoraram mais do que o previsto para aparecer. Enquanto  se deixava arrastar pelos dois e gritava “Deus me livre” a quem quisesse escutar, a amiga a esperava em um carro conversível vermelho, provavelmente roubado.

Amélia estava com a sensação de que a tarde apenas começava para sua embriaguez de liberdade e, por esse motivo, queria mais. Realizaria o sonho de tirar a roupa em frente a principal emissora televisiva do país e, com a repercussão, seria capa de todos os jornais e revistas do país. A imprensa estaria a seus pés, e não se importaria em ser chamada de oportunista, só almejava uma vida violenta e emocionante.

Nua em cima do conversível, já em rede nacional e para uma platéia que a incentivava a mostrar ângulos cada vez mais indecorosos, Amélia posava para câmeras, flashs, celulares e máquinas digitais, quando a polícia chegou e, dali para frente, iniciou uma implacável perseguição, daquelas que Amélia nunca havia sonhado nos tempos de imaculada, nem mesmo quando assistia a algum filme mentiroso.

Por sorte, o carro conversível vermelho era rápido e Amélia e seus cúmplices conseguiram fugir das viaturas. Por pouco tempo, pois passou a ser monitorada por uma rádio que noticiava todos os seus passos e, por consequência, a denunciava. Em poucas horas, havia se tornado uma mulher foragida da lei e famosa, nada seria mais perfeito, mas não poderia perder tempo.

Largou o carro no meio da estrada e se embrenhou no meio do mato. Tinha mais dois objetivos: queria fazer sexo na rua vestida de noiva e, por fim, ser presa por atentado ao pudor. Para ter coragem de fazer isso, precisou apontar o revólver para a amiga e ameaçar esvaziar os silicones dos seios com tiros, se ela não fosse embora imediatamente. Não fosse naquela tarde, os lutadores de sumô morreriam virgens. Amélia nunca se lembraria ao certo de como foi presa, sabe-se que agradeceu muito ao policial que a prendeu. Estava esmagada entre os dois, quase sufocada, quando formigas vermelhas começaram a invadir seus orifícios.

Na delegacia, seu noivo a esperava, com olhos inchados de ter chorado muito. Trajava luto e não disse uma palavra, só olhou de uma maneira diferente. Amélia ficou comovida, sabia que pedir desculpas de nada adiantaria, mas mesmo assim o fez, com sinceridade. Tentaria explicar mais tarde, mas foi surpreendida por uma bofetada, que aceitou de bom grado, muito digna.

Presa, com os olhos parados no transparente quando nada acontecia diante de sua visão, Amélia foi surpreendida no dia seguinte com um inusitado pagamento de fiança. No lado de fora, flores vermelhas com um cartão, de seu noivo. Escrita, mesmo, só a palavra “perdão” e a assinatura dele.  Sentiu-se arrependida por pouco tempo, o que acontece é para ser, não adianta lutar contra. Os jornais publicavam o dia de antes sempre com uma tonalidade mais carregada, de sensacionalismo barato. Sobre ela, noticiavam que um bilhete com o último pedido do noivo – especulavam algo em torno de Amélia virar freira – foi a última atitude do noivo abandonado, que se matou com uma bala na testa assim que chegou em casa. Quando colocou os pés na rua, escoltada por policiais, Amélia escutou as manifestações do povo. “Essa aí não é boa bisca”. “Dane-se o mundo, quero dançar!”, respondeu, desafiadora, ao encarar a todos. “Virgem Maria!”, benzeu-se uma mulher. “Isso é fogo!”, disse um terceiro. “Água apaga”, responderam outros.

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Ei! Li, no blog da @Iambabixavier – que carinhosamente chamo de Bela B. (em referência à adorável espiã do livro mais famoso de Roberto Drummond, apresentado a mim pela minha esposa) – e achei interessante, no fundo é isso mesmo. Reproduzo aqui, como uma singela homenagem:

 Você me vê assim, OgAAABb3VkLCpU2UCq9N_99G0vBmUWF-MAtaRkBe_yUiMjK-oJGfjTUw42re3T5mlnmZHreOQAclre2AitGrUnWsxo4Am1T1ULmEKNc1w6t26kb5GygmHgBqDRcw

assim,OgAAANtdNNaLc7LAhmhg7rPAIkiYebCERi7JJy5ki63DLFWZFGOKpTRAmk2KRgtVZ3xjnrc7TsUbZTuG0p0LxrEHfuQAm1T1UMj97ynr-ySBrAK42ocIAZsFnI4X

mas na verdade eu sou assim.

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6 comentários:

Frank disse...

Gostei do conto, tem mto do seu jeito particular de escrever, acho q sua identidade literaria. Continue nesse caminho e fará mto sucesso.
Qto a parte q se refere a sua saúde, q bom q vc teve essa sorte, mta gente nao a tem. Tb sou hipertenso, tomo os meus cuidados mas está longe de ser o ideal.
Gde abraço e continue escrevendo.

JOÃO THIAGO disse...

Meu amigo, que história ótima. Espero que esteja melhor do problema que teve. Tome cuidado com a saúde, coma tomates, como diria minha mãe.

Bom te reencontrar por aqui,companheiro! vou falar do teu blog lá no Web Benção.


Um abração!

João Thiago

heldermiranda disse...

Frank, camarada. Você sempre acompanhou meus textos, e acho muito importante ter um amigo e um leitor sempre tão presente. Um abraço grande.

heldermiranda disse...

João, bom reencontrá-lo por aqui também. Sua opinião é muito importante, porque desde a época da faculdade adoro seus textos. Lerei seu livro virtual, e estou curioso com as postagens escondidas. Volte sempre, todas as sextas. Grande abraço.

Maykon disse...

Salve, Helder, muito bom você ter entrado no fantástico mundo dos blogs... Muito bom o texto, embora tenha me deixado preocupado... Tem que se cuidar, rapaz... Estarei sempre por aqui... toda sexta-feira...
Forte abraço...

buy aciphex disse...

Who knows!
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